Metroviários em São Paulo Protestam Contra Privatização e Alertam Sobre Possíveis Impactos nas Tarifas
São Paulo, 2 de outubro de 2023 – Os funcionários das principais empresas de transporte público de São Paulo, incluindo a Companhia do Metropolitano de São Paulo (Metrô), a Companhia Paulista de Trens Metropolitanos (CPTM) e a Companhia de Saneamento Básico do Estado de São Paulo (Sabesp), realizaram hoje uma greve unificada em protesto contra as condições de trabalho e a privatização iminente dos serviços. Eles argumentam que a transferência do controle do setor público para a iniciativa privada poderá resultar no aumento das tarifas e na deterioração da qualidade dos serviços oferecidos.
Na estação Barra Funda, um importante ponto de conexão entre linhas de trem, ônibus e metrô na cidade, líderes de movimentos de apoio à greve se reuniram para esclarecer à população os impactos potenciais da privatização e os motivos do protesto. A estação Barra Funda sozinha atende a uma média de cerca de 60 mil passageiros por hora durante os horários de pico.
Um dos principais pontos enfatizados pelos manifestantes é que a privatização pode encarecer as tarifas e prejudicar a qualidade dos serviços. Eles argumentam que as empresas privadas têm como objetivo principal a obtenção de lucro, o que pode resultar em serviços de transporte público degradados e tarifas mais altas.
Uma liderança popular declarou durante o protesto: “Não existe greve ilegal. Não é apenas por direitos, é por melhorias nos serviços. Os mais afetados pela privatização serão aqueles que dependem do transporte público para suas necessidades diárias. A pobreza enriquece o país, e as pessoas de baixa renda não devem ser privadas do direito de circular na cidade”.
Raquel Brito, membro do diretório da Unidade Popular na capital, argumentou que a mobilização tem como objetivo esclarecer que todos os cidadãos são afetados pela privatização e que a luta é em benefício de todos. “As empresas públicas são patrimônio. Privatizar é prejudicial, inclusive para os usuários. A greve é uma ferramenta histórica de luta, e todos os direitos conquistados até hoje foram resultado dela”, afirmou.
Os passageiros afetados pela greve compartilharam suas preocupações. Genilda Matos, operadora de máquinas fixas, que utiliza o transporte público para se deslocar de casa ao trabalho, expressou seu entendimento sobre a questão da privatização: “O que é privatização? Sobre isso, não sei nem o que responder.” No entanto, após receber informações sobre os possíveis impactos da privatização, ela concluiu: “Isso não parece bom”.
A interrupção da linha vermelha do metrô, uma das mais movimentadas da cidade, afetou diretamente a vida de muitos passageiros. Denise da Silva, que viaja diariamente de Barueri para a Penha, observou que a greve prejudica os passageiros, mas também ressaltou as preocupações com a privatização: “Acho que, se houvesse outras alternativas para reivindicar, seria bom. A privatização pode aumentar as tarifas dos serviços, como já aconteceu em outros setores, como a energia elétrica.”
Eni Duarte, técnica de enfermagem que reside em Itapevi e trabalha na Penha, também se mostrou favorável à greve e contra a privatização: “Privatizar pode levar ao aumento das tarifas. A população perde o controle sobre serviços essenciais. A greve é uma forma de luta, mas as pessoas muitas vezes não entendem até que as tarifas aumentem, e então é tarde demais para reagir.”
A greve unificada dos trabalhadores de transporte público em São Paulo destaca as preocupações sobre os impactos sociais e econômicos da privatização de serviços públicos essenciais e promove um debate sobre a melhor maneira de garantir a qualidade e a acessibilidade dos transportes na cidade.