Censo Demográfico 2022 traz dados inéditos sobre população quilombola, mas desafios persistem

Censo Demográfico 2022 traz dados inéditos sobre população quilombola, mas desafios persistem

A divulgação dos dados do Censo Demográfico 2022 referente à população quilombola foi celebrada por lideranças de diferentes organizações e entidades nesta quinta-feira (28). Pela primeira vez, um Censo Demográfico incluiu informações sobre os quilombolas, proporcionando a contabilização e visibilidade dessas comunidades historicamente marginalizadas. Os dados revelaram que o Brasil possui 1.327.802 quilombolas, representando 0,65% da população do país, distribuídos em 1.696 municípios.

A Coordenação Nacional de Articulação das Comunidades Negras Rurais Quilombolas (Conaq) considerou a divulgação deste recorte do Censo como uma conquista importante para o movimento quilombola. José Alex Borges, coordenador executivo da Conaq, ressaltou que esse dado oficial permitirá que as comunidades reivindiquem seus direitos e tenham acesso a políticas públicas adequadas.

Apesar da comemoração, Borges destacou que houve dificuldades relacionadas a cortes de recursos financeiros e escassez de recursos humanos que dificultaram o levantamento nos diferentes territórios quilombolas. No entanto, enfatizou a importância do Censo como um instrumento legal para embasar demandas junto aos órgãos governamentais.

O Censo Demográfico é a única pesquisa domiciliar que abrange todos os municípios do Brasil e fornece informações essenciais para a formulação de políticas públicas e alocação de recursos financeiros. Esta foi a primeira edição a incluir um quesito específico para identificar os quilombolas. O Censo 2022 foi adiado duas vezes, primeiro devido à pandemia de covid-19 e depois por dificuldades orçamentárias.

As lideranças quilombolas veem no Censo uma oportunidade para tirar suas comunidades da invisibilidade e cobrar políticas públicas mais efetivas, especialmente no que se refere à questão fundiária, acesso à terra e ao território. A expectativa é que a divulgação dos resultados contribua para o avanço das políticas públicas e gere o reconhecimento necessário para fortalecer suas reivindicações.

No entanto, há questões a serem aprimoradas em futuros levantamentos, como a inclusão de comunidades quilombolas que não foram contabilizadas devido à limitação de acesso aos questionários em algumas localidades. As lideranças também destacam a importância de discutir determinadas questões para aprimorar pesquisas futuras e garantir que todos os quilombolas sejam devidamente reconhecidos.

O Censo Demográfico 2022 marca um avanço significativo para as comunidades quilombolas no Brasil, proporcionando um retrato mais completo e oficial dessa importante parcela da população brasileira. A inclusão dos quilombolas no Censo representa um passo crucial para o reconhecimento de suas lutas, tradições e territórios, além de contribuir para a efetivação de políticas públicas que atendam às suas necessidades específicas.

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