Wassef pediu assento escondido em avião para resgatar Rolex, Diz PF

Wassef pediu assento escondido em avião para resgatar Rolex, Diz PF

Brasília – Frederick Wassef, advogado do ex-presidente Jair Bolsonaro, pediu um assento escondido no avião que o levou até Orlando, na Flórida, para resgatar um Rolex supostamente desviado e vendido nos Estados Unidos por auxiliares de Bolsonaro. Segundo a Polícia Federal (PF), Wassef solicitou viajar com a “cabeça colada na fuselagem” para evitar ser visto.

Wassef teria viajado para os EUA em 14 de março de 2023 e recomprado o Rolex, presente saudita, para devolver ao Tribunal de Contas da União (TCU). O relógio fazia parte de um conjunto de joias denominado “kit ouro branco”, que incluía também um anel, par de abotoaduras e um rosário islâmico. As investigações revelam que o Rolex foi vendido à Precision Watches, em Willow Grove, Pensilvânia, juntamente com um Patek Philippe, por US$ 68.000 em 13 de junho de 2022. O Patek Philippe, no entanto, ainda não foi localizado pelos investigadores.

CID E CÂMARA

De acordo com a PF, o tenente-coronel Mauro Cid, ex-ajudante de ordens de Bolsonaro, teria excluído mensagens trocadas com Marcelo Câmara, ex-assessor, sobre o resgate das joias. As mensagens demonstram a preocupação dos investigados, que sabiam que os bens de alto valor não estavam no Brasil, ao contrário do que era divulgado.

ENTENDA O CASO

A investigação, sob a relatoria do ministro Alexandre de Moraes no Supremo Tribunal Federal (STF), apura o desvio de três kits de presentes luxuosos destinados ao então presidente Jair Bolsonaro por governos estrangeiros:

  • Kit 1: Uma escultura de árvore e outra de barco.
  • Kit 2: Conjunto de joias composto por abotoaduras, terço, anel e relógio de ouro rosê.
  • Kit 3: Conjunto de joias composto por um relógio Rolex, caneta de luxo Chopard, abotoaduras, anel e rosário árabe.

A determinação do TCU, desde 2016, é que todos os bens recebidos pelos chefes do Executivo sejam incorporados ao patrimônio da União, exceto os de natureza personalíssima ou de consumo próprio.

INVESTIGAÇÃO

Segundo o relatório da PF, os itens foram vendidos a joalherias nos Estados Unidos por aliados do ex-presidente. O desvio ou tentativa de desvio soma cerca de R$ 6,8 milhões. Bolsonaro e mais 11 pessoas foram indiciadas pelo esquema, enfrentando acusações como associação criminosa, lavagem de dinheiro e apropriação de bens públicos.

INDICIADOS

  1. Jair Bolsonaro: Ex-presidente da República.
  2. Fabio Wajngarten: Advogado do ex-presidente.
  3. Mauro Cesar Barbosa Cid: Tenente-coronel e ex-ajudante de ordens do ex-presidente.
  4. Mauro Cesar Lorena Cid: General e pai de Mauro Cid.
  5. Frederick Wassef: Advogado.
  6. Bento Albuquerque: Ex-ministro de Minas e Energia.
  7. Marcos André dos Santos Soeiro: Ex-assessor de Bento Albuquerque.
  8. Julio Cesar Vieira Gomes: Ex-secretário da Receita Federal.
  9. Marcelo da Silva Vieira: Ex-chefe do Gabinete de Documentação Histórica da Presidência da República.
  10. José Roberto Bueno Júnior: Ex-chefe de gabinete do Ministério de Minas e Energia.
  11. Osmar Crivelati: Assessor de Bolsonaro.
  12. Marcelo Costa Câmara: Ex-assessor de Bolsonaro.

PRÓXIMOS PASSOS

A Procuradoria-Geral da República (PGR) analisará as provas colhidas pela PF em até 15 dias, decidindo se arquiva o caso, pede mais investigações ou denuncia os envolvidos. Caso a PGR opte pela denúncia, o STF decidirá se aceita ou arquiva o caso. Se a denúncia for aceita, os envolvidos se tornarão réus e responderão a uma ação penal, podendo ser condenados ou absolvidos. O Supremo também pode remeter o caso para a 1ª Instância.

Este caso continua a se desdobrar, com implicações significativas para os envolvidos e para o cenário político brasileiro.

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