Valorização de títulos americanos eleva Dólar no Brasil, afirma especialista

Valorização de títulos americanos eleva Dólar no Brasil, afirma especialista

Renan Pieri explica os motivos por trás da recente alta da moeda americana

A cotação do dólar comercial alcançou R$ 5,665 nesta terça-feira (2), mantendo-se em níveis não vistos desde janeiro de 2022, e acumulando uma valorização de 16,8% ao longo de 2024. Renan Pieri, professor de finanças da Escola de Administração de Empresas de São Paulo da Fundação Getulio Vargas (FGV), aponta que a manutenção dos juros elevados nos Estados Unidos e a valorização dos títulos públicos americanos estão entre os principais fatores que têm impulsionado essa tendência.

Segundo Pieri, “A alta do dólar tem relação com a valorização dos títulos públicos americanos, muito no cenário de manutenção de juros altos nos Estados Unidos, com a expectativa de um momento mais difícil na eleição [presidencial], também por conta do mercado aquecido lá. Os juros mais altos, essa rentabilidade maior dos títulos americanos, atrai capital para lá e tira dinheiro do Brasil.”

A questão fiscal interna do Brasil também é apontada como um fator contribuinte para essa valorização. “A questão fiscal do Brasil faz com que o mercado comece a acreditar que o governo vai ter muita dificuldade de cumprir o novo arcabouço fiscal, o método de superávit primário, e portanto passa a cobrar um prêmio maior para manter os investimentos aqui”, explica o professor da FGV.

Pieri alerta ainda sobre as consequências dessa dinâmica para o país: “Se esse ‘prêmio’ não se traduzir em juros mais altos, haverá saída de capital do país. Saída de capital do país significa que os investidores acreditam menos no futuro do Brasil no longo prazo.”

A visão é compartilhada pela professora Maria Malta, da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), que destaca o contexto político e econômico internacional como influenciador direto na dinâmica do mercado cambial brasileiro. “O que está havendo é um jogo político pré-eleitoral em um contexto de avanço da extrema-direita no mundo. Neste jogo, o setor financeiro pretende obter uma parte ainda maior das rendas do país e ampliar seu poder e riqueza”, observa Malta.

Ela complementa que, para a economia brasileira, a desvalorização do real pode ter efeitos mistos, beneficiando exportações ao mesmo tempo em que aumenta os custos internos da dívida pública. “Juros mais baixos diminuem os custos internos da dívida pública e estimulam a tomada do crédito produtivo”, conclui Malta.

A situação continua a evoluir conforme os desenvolvimentos econômicos e políticos tanto no Brasil quanto internacionalmente, com impactos significativos para o mercado financeiro e para a economia brasileira como um todo.

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