Uso do Sistema de votação remota se torna instrumento de poder na Câmara dos Deputados

Uso do Sistema de votação remota se torna instrumento de poder na Câmara dos Deputados

Brasília/DF – A votação remota, que foi criada como uma solução temporária para permitir o funcionamento do Congresso Nacional durante a pandemia, tem se transformado em um poderoso instrumento na Câmara dos Deputados. O ato que regulamenta o Sistema de Deliberação Remota (SDR) tem sido frequentemente utilizado pelo presidente da Casa, Arthur Lira (PP-AL), para viabilizar votações de propostas que requerem mais votos para serem aprovadas, como é o caso da Reforma Tributária.

Na prática, a deliberação remota modifica a dinâmica das votações e pode facilitar a aprovação de matérias. Além disso, é uma estratégia utilizada para cumprir prazos regimentais de tramitação e agradar os parlamentares, permitindo que participem das sessões diretamente de suas bases eleitorais, sem sofrer desconto no salário, como ocorreu no período eleitoral de 2022. Em dias como segunda e sexta-feira, em que os parlamentares costumam estar em suas bases, o registro remoto de presença facilita o alcance do quórum mínimo para o início das votações.

Tradicionalmente, segundas e sextas não têm sessões na Câmara, mas o presidente tem o poder de convocá-las, como ocorreu na semana em que a Casa analisou a reforma tributária.

Por outro lado, ao exigir o registro biométrico presencial nas segundas e sextas, o presidente Lira pode obrigar a vinda dos colegas a Brasília antecipadamente, assegurando que estejam na cidade para a discussão de matérias consideradas prioritárias até o final da semana.

A assessoria do presidente da Câmara foi procurada e informou que “a definição sobre as pautas prioritárias e a consideração do processo de votação de acordo com a importância dos temas é discutida e decidida no Colégio de Líderes”.

O uso do Sistema de Deliberação Remota, inicialmente criado para enfrentar as restrições impostas pela pandemia, tornou-se uma ferramenta de relevância política, impactando o funcionamento e as dinâmicas das votações no âmbito da Câmara dos Deputados. A partir de agora, cabe aos parlamentares e à sociedade observar como essa prática se desdobrará no contexto político do país e quais serão suas consequências para o futuro das deliberações legislativas.

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