Silvio Santos, o Ícone da Televisão Brasileira, morre aos 93 anos em São Paulo

O apresentador e empresário, responsável por transformar a TV brasileira com seu carisma e visão de negócios, deixa um legado inigualável na história da comunicação do país.
Neste sábado, 17 de agosto de 2024, o Brasil se despede de um dos maiores ícones da televisão e do empreendedorismo nacional. Silvio Santos, o carismático apresentador e empresário, faleceu aos 93 anos em São Paulo, deixando uma lacuna imensa na cultura e na memória do país. Internado desde o início do mês no Hospital Albert Einstein, Silvio não resistiu a uma broncopneumonia resultante de complicações de uma infecção por H1N1.
Nascido Senor Abravanel, em 12 de dezembro de 1930, no Rio de Janeiro, Silvio Santos se tornou uma figura indissociável da televisão brasileira, acumulando uma trajetória que abrange mais de seis décadas. Sua carreira começou de maneira humilde, como camelô nas ruas cariocas, onde ele vendia canetas e capas de plástico para documentos. Com o tempo, seu talento natural para comunicação e vendas o levou para o rádio e, posteriormente, para a televisão, onde ele marcaria para sempre seu nome.
Em 1958, Silvio assumiu a empresa Baú da Felicidade, que até então pertencia ao empresário Manuel de Nóbrega. O Baú se tornaria um dos primeiros grandes sucessos comerciais de Silvio, financiando suas investidas na TV. Sua estreia como apresentador televisivo aconteceu em 1963, e a partir de então, ele nunca mais deixou de encantar o público com seu estilo único de comunicação.
O Programa Silvio Santos estreou em 1963 e, ao longo de mais de cinco décadas, se transformou em uma verdadeira instituição da televisão brasileira. Silvio Santos era muito mais que um apresentador; ele era um mestre na arte de entreter, capaz de segurar a atenção de milhões de espectadores durante horas seguidas, domingo após domingo. Suas interações com a plateia, seus bordões marcantes como “Quem quer dinheiro?” e “Vem pra cá, vem pra cá”, além de sua capacidade de improviso, fizeram dele um ícone de várias gerações.
Além de apresentador, Silvio foi um visionário dos negócios. Em 1981, ele fundou o Sistema Brasileiro de Televisão (SBT), que rapidamente se consolidou como uma das principais emissoras do país. O SBT não só se tornou a casa de grandes sucessos populares como Chaves, A Praça é Nossa, e Programa Silvio Santos, mas também ofereceu uma alternativa aos monopólios televisivos da época, influenciando diretamente a democratização dos meios de comunicação no Brasil.
Apesar de seu sucesso, a vida de Silvio Santos também foi marcada por desafios e momentos dramáticos. Em 2001, o sequestro de sua filha Patrícia Abravanel abalou o Brasil. Após sete dias de tensão, o sequestro terminou com um desfecho surpreendente, quando o próprio sequestrador invadiu a casa de Silvio e o manteve refém por sete horas. O então governador de São Paulo, Geraldo Alckmin, interveio pessoalmente e, felizmente, a situação terminou sem tragédias.
Silvio Santos também teve uma breve e conturbada incursão na política. Em 1989, ele lançou sua candidatura à Presidência da República, causando um alvoroço no cenário político. No entanto, sua candidatura foi impugnada pelo Tribunal Superior Eleitoral (TSE) uma semana antes do primeiro turno, encerrando sua carreira política antes mesmo de começar.
Ao longo dos anos, Silvio Santos acumulou prêmios e homenagens, incluindo uma homenagem no Carnaval do Rio de Janeiro em 2001, pela escola de samba Tradição. Ele também foi alvo de admiração por sua habilidade em transformar adversidades em oportunidades, como quando enfrentou o escândalo do Banco Panamericano em 2010. Mesmo diante de um rombo bilionário, Silvio encontrou uma solução e vendeu o banco para o BTG Pactual, evitando a falência de seu império.
Aos 90 anos, Silvio Santos comemorou seu aniversário de forma discreta, em isolamento, devido à pandemia de Covid-19. Após ser vacinado, ele voltou a apresentar seu programa, mas em um ritmo reduzido. Ainda assim, ele manteve o carisma e a energia que sempre o caracterizaram, divertindo o público até seus últimos dias.
Silvio Santos deixa um legado monumental. Além de sua esposa Íris Abravanel, com quem foi casado desde 1978, ele deixa seis filhas: Daniela, Patrícia, Rebeca e Renata, fruto do casamento com Íris, e Cíntia e Silvia, do primeiro casamento com Maria Aparecida Abravanel, conhecida como Cidinha, que faleceu em 1977. Seu impacto na televisão e na cultura brasileira será lembrado por muitas gerações, e sua ausência será profundamente sentida em todo o país.
Com sua partida, o Brasil perde não só um empresário de sucesso, mas um símbolo da televisão nacional, cuja trajetória se confunde com a própria história da mídia no país.