Pesquisadores da Fiocruz Rondônia criam novo método para detectar Hepatite D
Pesquisadores da Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz) que atuam na unidade sediada em Rondônia estão celebrando um avanço significativo no campo da saúde. Eles desenvolveram uma nova forma de detectar a hepatite D, também conhecida como hepatite Delta, que pode revolucionar a forma como essa doença é diagnosticada e tratada. O método, que é baseado em técnicas moleculares, não apenas identifica a presença do vírus, mas também quantifica a carga viral no organismo dos pacientes.
Embora inicialmente concebido para fins de pesquisa, a esperança é que esse avanço possa, no futuro, ser incorporado ao conjunto de exames oferecidos pelo Sistema Único de Saúde (SUS). A hepatite D é uma infecção que afeta o fígado, e sua detecção precoce e tratamento adequado são cruciais para prevenir complicações graves.
A pesquisa inovadora foi conduzida em colaboração com três instituições acrianas: a Fundação Hospital Estadual do Acre (Fundhacre), o Centro de Infectologia Charles Mérieux e a Universidade Federal do Acre (UFAC). Um total de 16 pesquisadores trabalharam conjuntamente nesse projeto pioneiro, cujos resultados foram publicados na prestigiosa revista científica Scientific Reports da Nature, reconhecida internacionalmente por sua excelência nas áreas das ciências naturais, medicina e engenharia.
Até o momento, o diagnóstico da hepatite D no SUS era realizado por meio de exames de sangue que detectam apenas anticorpos contra o vírus, o que confirma apenas a exposição passada ao vírus. O novo método molecular vai além, permitindo não apenas a detecção direta do próprio vírus no organismo, indicando uma infecção ativa no momento do teste, mas também a capacidade de quantificar a carga viral presente. Esse detalhamento possibilita uma melhor compreensão do quadro clínico e auxilia os profissionais de saúde a adotar abordagens mais precisas no tratamento.
De acordo com a coordenadora do estudo e pesquisadora da Fiocruz Rondônia, Deusilene Dallacqua, a ausência de um exame semelhante nos laboratórios de referência do país tem limitado o entendimento sobre a prevalência da doença, seu comportamento e o direcionamento de tratamentos adequados. O novo método tem o potencial de mudar esse cenário, fornecendo informações cruciais para o manejo dos pacientes. Dallacqua destacou: “A partir do resultado, você consegue auxiliar na conduta clínica desse paciente. Avaliar se vai ser necessário um tratamento ou se vai ser necessário um monitoramento.”
A hepatite D é transmitida pelo contato com sangue e outros fluidos corporais de uma pessoa infectada, muitas vezes em conjunto com o vírus da hepatite B. A região amazônica é endêmica para essa doença, que pode levar a infecções graves no fígado. Os casos têm sido subnotificados, e a disponibilidade de um método de diagnóstico mais preciso pode fornecer uma visão mais precisa da prevalência da doença e permitir intervenções mais eficazes.
A equipe de pesquisadores planeja expandir sua colaboração em futuros estudos, abordando outras enfermidades de importância médica na região amazônica. Com o potencial de impactar positivamente a saúde pública, essa pesquisa exemplifica a importância da inovação científica na busca por soluções que beneficiem a sociedade como um todo.
Informações: Agência Brasil