Novo Presidente do Irã, Masoud Pezeshkian, promete Reformas Sociais
Teerã, Irã — Com uma vitória significativa, Masoud Pezeshkian, 69 anos, foi eleito presidente do Irã com 53,7% dos votos, derrotando o conservador Saeed Jalili, que obteve 44,3%. A eleição de Pezeshkian, um reformista, marca uma possível mudança de direção para o país, especialmente nas áreas de reformas sociais e negociações internacionais.
Pezeshkian, que nasceu em Mahabad em 1954, é cardiologista e já atuou como ministro da Saúde durante o governo de Mohammed Khatami. Ele representou a cidade de Tabriz no Parlamento iraniano a partir de 2008. Esta não foi sua primeira tentativa de chegar à presidência: ele desistiu da disputa em 2013 para apoiar Hashemi Rafsanjani e teve sua candidatura rejeitada em 2021 pelo Conselho dos Guardiões.
Promessas de Mudança
Durante sua campanha, Pezeshkian prometeu retomar as negociações nucleares com o Ocidente para aliviar as sanções econômicas que têm prejudicado o país. Além disso, ele sugeriu uma abordagem mais liberal em relação aos costumes sociais, incluindo o relaxamento das regras sobre o uso do hijab, atendendo a uma demanda crescente por maior liberdade individual.
“Querido povo, as eleições terminaram e este é apenas o início da nossa parceria. O difícil caminho que temos pela frente não será tranquilo, exceto com seu companheirismo, empatia e confiança,” declarou Pezeshkian em seu perfil no X (ex-Twitter).
Contexto Político
A eleição foi convocada após a morte do presidente Ebrahim Raisi em um acidente de helicóptero em maio. As eleições, realizadas em dois turnos nos dias 28 de junho e 5 de julho, registraram uma participação baixa, refletindo o descontentamento popular com o regime atual.
Andrew Traumann, professor de Relações Internacionais no UniCuritiba, sugere que a aprovação da candidatura de Pezeshkian pelo Líder Supremo, o aiatolá Ali Khamenei, foi uma tentativa de incentivar a participação eleitoral.
Expectativas e Desafios
Especialistas avaliam que a eleição de Pezeshkian pode abrir caminho para reformas significativas no Irã. Thomas Ferdinand Heye, professor da UFF, acredita que a vitória do reformista sugere uma possível abertura para reformas internas e uma abordagem mais conciliadora nas relações internacionais.
No entanto, qualquer mudança estará condicionada à aprovação do Líder Supremo, que detém a autoridade final no país. Andrew Traumann destaca que o regime iraniano busca, antes de tudo, sobreviver, o que pode favorecer a implementação de algumas reformas.
Descontentamento e Crise Econômica
O Irã enfrenta uma série de desafios econômicos e sociais que têm alimentado o descontentamento popular. A economia está severamente afetada pelas sanções internacionais e pela má gestão interna, resultando em alta inflação, desemprego e queda no padrão de vida. Protestos frequentes e insatisfação generalizada refletem a frustração da população com a situação atual.
Tensão Regional
O Irã continua a desempenhar um papel central no cenário geopolítico do Oriente Médio. As tensões com Israel e a influência sobre grupos como Hezbollah, Houthis e Hamas mantêm o país em uma posição de destaque nas dinâmicas regionais. O aumento do estoque de urânio enriquecido desde a saída dos EUA do acordo nuclear de 2015 exacerba as preocupações internacionais sobre o potencial desenvolvimento de armas nucleares pelo Irã.
A eleição de Masoud Pezeshkian, com suas promessas de reforma, abre um novo capítulo na política iraniana. No entanto, os desafios internos e externos que ele enfrenta são significativos, e suas ações nos próximos meses serão cruciais para determinar o futuro do país.