Ministra Marina Silva “Ninguém pode impor sua vontade” sobre desmatamento zero
A ministra do Meio Ambiente e Mudança do Clima, Marina Silva, comentou sobre a ausência de uma meta comum para o desmatamento zero na Declaração de Belém, divulgada durante a Cúpula da Amazônia, que reuniu representantes dos oito países amazônicos. Em entrevista durante o programa Bom Dia, Ministro, a ministra enfatizou a natureza mediada do processo de negociação e a importância do consenso progressivo.
“Ao negociar, ninguém pode impor sua vontade a ninguém. O processo de negociação é sempre mediado. Então, são os consensos progressivos – na medida em que temos alguns consensos, a gente vai botando no documento”, explicou a ministra. Ela destacou que todos os países concordam com a necessidade de evitar que a Amazônia ultrapasse um ponto de não retorno, onde o desmatamento excessivo levaria à savanização da floresta.
“A destruição da floresta significa a destruição, sobretudo, do nosso sistema de chuvas. Nós só não somos um deserto porque temos a Amazônia. Isso a gente tem que pensar com muita atenção. Quando se diz desmatamento zero é porque a ciência e o consenso estão nos mandando parar, porque essa floresta é responsável pelas chuvas, por 75% do PIB [Produto Interno Bruto] da América do Sul e pelo equilíbrio do planeta”, enfatizou Marina Silva.
A ministra também ressaltou a importância de reconhecer que a agenda da mudança do clima e questões relacionadas à Amazônia não eram tão proeminentes quando a Organização do Tratado de Cooperação Amazônica (OTCA) foi criada há 45 anos. Ela reconheceu que o intervalo de 14 anos sem uma reunião dos presidentes que compõem o Tratado de Cooperação da Amazônia prejudicou a formulação de políticas regionais para enfrentar problemas como o desmatamento e a desigualdade social.
Apesar da ausência de uma meta comum para o desmatamento zero na Declaração de Belém, Marina Silva ressaltou que o Brasil já possui um compromisso nesse sentido e está trabalhando para alcançá-lo até 2030. Ela mencionou que nos primeiros sete meses de governo, houve um aumento significativo na capacidade de fiscalização do Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (Ibama) e do Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade (ICMBio), resultando em uma queda de 42% no desmatamento do país.
A ministra concluiu reafirmando o compromisso do Brasil com o desmatamento zero e a preservação da Amazônia, mesmo diante das dificuldades em se alcançar um consenso com outros países na declaração conjunta da cúpula.