Marisa conclui plano de reestruturação com fechamento de 88 lojas

Marisa conclui plano de reestruturação com fechamento de 88 lojas

A rede varejista Marisa anunciou nesta segunda-feira (17) que finalizou seu plano de reestruturação financeira com o fechamento de 88 lojas. O processo faz parte dos esforços da empresa para recuperar sua capacidade de gerar caixa e retornar à lucratividade. O plano original previa o fechamento de 92 unidades, mas a empresa optou por um número menor, visando preservar pontos onde foram identificadas melhorias para aumentar a eficiência operacional.

O processo de desativação das lojas demandou um investimento de R$ 44,5 milhões, 16% abaixo do valor previsto inicialmente. A Marisa projeta que a ação resultará em uma captura potencial de Ebitda (Lucros antes de juros, impostos, depreciação e amortização) de cerca de R$ 40 milhões em 2023 e aproximadamente R$ 60 milhões por ano a partir de 2024. Além disso, a primeira fase da redução de despesas de vendas, gerais e administrativas foi concluída, possibilitando uma geração adicional de caixa no valor de R$ 35 milhões por ano.

No decorrer do segundo semestre, a empresa pretende otimizar os serviços de terceiros e outras despesas, buscando uma economia adicional de pelo menos R$ 10 milhões anuais. A reestruturação também incluiu a renegociação de dívidas com fornecedores e parceiros de revenda, abrangendo 90% do total de fornecedores e 97% dos valores devidos.

Essa não é a primeira vez que a Marisa enfrenta uma crise financeira. Nos últimos 10 anos, a empresa tem buscado soluções para reverter suas dificuldades. Ao longo de 2021 e 2022, enfrentou a saída de executivos-chave, contratou assessorias externas, realizou emissões de debêntures e vendeu direitos creditórios.

A companhia também negociou prazos e dívidas com fornecedores, credores e proprietários de imóveis, além de cortar despesas operacionais e reduzir investimentos em estoques. Focada na classe média, a Marisa manteve preços baixos, apertando suas margens e deixando de inovar, o que resultou em produtos de qualidade inferior e perda de poder de compra de sua base de clientes.

Em 2016, a família Goldfarb, fundadora da rede, deixou a gestão da empresa para um executivo de mercado, mas as dificuldades financeiras persistiram. A crise econômica do país, agravada pela pandemia de Covid-19, impactou negativamente o setor varejista como um todo, afetando as finanças da Marisa. A empresa acumulou prejuízos nos últimos anos, sofrendo com a queda de suas ações na bolsa.

Em fevereiro deste ano, a Marisa contratou a BR Partners e a Galeazzi Associados para auxiliá-la na otimização financeira e melhoria de sua estrutura de capital. A renegociação de dívidas com fornecedores e proprietários de imóveis resultou em progresso, mas a companhia ainda possui uma dívida líquida de R$ 461 milhões ao final do primeiro trimestre de 2023.

A conclusão do plano de reestruturação é um passo importante para a Marisa, mas o desafio de recuperar sua saúde financeira e sua posição no mercado continua. A empresa precisará continuar implementando medidas estratégicas para garantir sua sustentabilidade e crescimento futuro.

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