Justiça Federal procede com audiência de Réus no Caso dos Assassinatos de Indigenista e Jornalista na Amazônia

Justiça Federal procede com audiência de Réus no Caso dos Assassinatos de Indigenista e Jornalista na Amazônia

Nesta quinta-feira, 27 de julho, a Justiça Federal retomou a audiência para ouvir os três réus acusados de participação nos assassinatos do indigenista Bruno Pereira e do jornalista britânico Dom Phillips. Os réus Amarildo da Costa de Oliveira, conhecido como Pelado; seu irmão Oseney da Costa de Oliveira, apelidado de Dos Santos; e Jefferson da Silva Lima, também conhecido como Pelado da Dinha, prestaram depoimento ao juiz da Subseção Judiciária de Tabatinga (AM), onde o processo por duplo homicídio e ocultação de cadáveres está em andamento.

Devido a estarem detidos preventivamente em presídios federais localizados em outros estados, os réus foram ouvidos através de audiência online, com a presença de seus defensores e membros do Ministério Público Federal (MPF).

Os depoimentos dos réus haviam sido inicialmente agendados em março deste ano, mas precisaram ser suspensos devido à interrupção da conexão com a internet nos presídios federais de Catanduvas (PR) e Campo Grande (MT). Após remarcações, a oitiva finalmente ocorreu em maio, mas foi adiada novamente a pedido da defesa, que solicitou uma videoconferência reservada para seus clientes.

Os crimes aconteceram em 5 de junho de 2022, quando Bruno Pereira e Dom Phillips foram vítimas de uma emboscada enquanto viajavam de barco pela região do Vale do Javari, no Amazonas. A região é próxima à fronteira brasileira com o Peru e a Colômbia e abriga a Terra Indígena Vale do Javari, a segunda maior do país, que também abriga o maior número de indígenas isolados ou de contato recente do mundo.

Os corpos de Bruno e Dom foram encontrados dez dias após o desaparecimento deles, enterrados em uma área de mata fechada a cerca de 3 quilômetros da calha do Rio Itacoaí. Dom Phillips era colaborador do jornal britânico The Guardian e dedicava-se a cobrir questões ambientais, conflitos fundiários e a situação dos povos indígenas na Amazônia. Já Bruno Pereira trabalhou na Coordenação-Geral de Índios Isolados e Recém Contatados da Fundação Nacional do Índio (Funai) antes de se dedicar à União dos Povos Indígenas do Vale do Javari (Univaja), onde continuou sua defesa das comunidades indígenas e da preservação do meio ambiente.

Os réus Amarildo, Jefferson e Oseney foram identificados e detidos sob acusação de assassinar e ocultar os corpos das vítimas. Inicialmente, Amarildo e Jefferson confessaram os crimes, mas posteriormente mudaram seus depoimentos. O Ministério Público Federal (MPF) alega que o homicídio de Bruno pode estar relacionado às suas atividades em defesa da coletividade indígena, enquanto Dom teria sido morto para garantir a ocultação e impunidade do crime contra Bruno. A decisão sobre o julgamento ser encaminhado a júri popular dependerá do magistrado Fabiano Verli, com base nas provas reunidas e nos depoimentos coletados durante o processo.

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