“Inflação não se controla apenas com alta de juros”, afirma ministro Luiz Marinho
Em evento no BNDES, Marinho critica política monetária do Banco Central e defende maior foco na produção para combater a inflação
O ministro do Trabalho e Emprego, Luiz Marinho, enviou um recado direto ao Banco Central nesta segunda-feira (26), ao afirmar que a inflação não pode ser combatida unicamente com o aumento da taxa de juros e a restrição ao crédito. Para Marinho, é fundamental que o Banco Central considere outras formas de controlar o aumento dos preços, como a ampliação da produção.
“O Banco Central precisa aprender que combater a inflação não tem só um jeito, que é o jeito de restrição de crédito e aumento de juros. Controla-se inflação também com oferta, com mais produção, mais capacidade aquisitiva da classe trabalhadora. Nós vimos nos governos Lula 1 e 2 que controlamos a inflação com mais produção”, disse Marinho durante um evento na sede do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES), no Rio de Janeiro.
Segundo o ministro, o setor produtivo brasileiro ainda não está operando em plena capacidade e há espaço para expansão. Ele defende que o estímulo à produção, juntamente com novos investimentos, pode ser uma alternativa eficaz para combater a inflação, sem a necessidade de recorrer a medidas como a elevação dos juros ou a restrição de crédito.
Emprego em alta
Marinho também antecipou que os dados do Cadastro Geral de Empregados e Desempregados (Caged) referentes a julho, que serão divulgados ainda nesta semana, mostrarão resultados positivos na geração de empregos. O ministro destacou que o número de empregos gerados nos primeiros sete meses de 2024 já supera o total registrado em 2023.
No caso do Rio Grande do Sul, Marinho destacou que julho marcou uma retomada na criação de empregos após os impactos negativos das enchentes que atingiram o estado nos meses de maio e junho.
Compromisso fiscal
O ministro também comentou sobre as limitações orçamentárias impostas pelo compromisso do “Déficit fiscal zero” do governo. Marinho expressou sua opinião de que o ajuste fiscal deveria ser realizado ao longo de um período mais extenso, como oito ou dez anos, em vez de em apenas 12 meses. No entanto, ele reconheceu que o acordo foi firmado e que o governo está empenhado em cumpri-lo, apesar das dificuldades orçamentárias que isso possa gerar para diversas áreas.
“Acredito que deveríamos ter um compromisso fiscal para um período mais longo, mas o contrato foi feito e estamos cumprindo o déficit fiscal zero em um ano. Só que vai faltar orçamento para muitas áreas”, concluiu Marinho.