Ibovespa alcança mínima do ano em dia tumultuado com fatores internos e externos
Em um dia marcado por uma série de eventos econômicos e políticos, o mercado financeiro brasileiro encarou uma montanha-russa nesta quarta-feira, resultando na queda mais expressiva do Ibovespa em 2024. A bolsa de valores fechou em baixa de 1,40%, atingindo 119.936,02 pontos, o menor nível desde novembro de 2023. O dólar comercial também registrou alta significativa, encerrando o dia a R$ 5,40, com um aumento de 0,86%.
O cenário de volatilidade foi influenciado por uma série de fatores tanto domésticos quanto internacionais. Logo no início da jornada, os investidores digeriram a Pesquisa Mensal de Serviços no Brasil, que indicou um crescimento de 0,5% em abril. A notícia foi interpretada positivamente, sugerindo uma expansão da atividade econômica no segundo trimestre, embora tenha sido insuficiente para garantir estabilidade ao mercado.
Entretanto, foi a divulgação da inflação ao consumidor (CPI) nos Estados Unidos que catalisou as tensões. O índice, divulgado meia hora após a abertura do mercado brasileiro, veio estável, surpreendendo positivamente os analistas e aliviando temores de uma reaceleração inflacionária. Esta notícia foi bem recebida pelos investidores, que viram nela um sinal de possível estabilização da pressão inflacionária nos EUA e, consequentemente, uma redução das expectativas de múltiplos cortes de juros pelo Federal Reserve (Fed) em 2024.
Contudo, a trégua foi breve. Declarações do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva durante um evento no Rio de Janeiro geraram agitação nos mercados domésticos. Lula indicou uma possível redução do déficit público no Brasil, atribuindo-a principalmente ao aumento da arrecadação, o que preocupou investidores quanto à falta de controle de gastos públicos. O mercado interpretou essas declarações como um sinal de que o governo poderia estar priorizando o aumento da receita em detrimento do equilíbrio fiscal, gerando incertezas sobre a política econômica futura.
Além disso, surgiram notícias de conflitos internos dentro do governo, com rumores de um possível ataque político contra o ex-prefeito de São Paulo, Fernando Haddad. Esses eventos contribuíram para a instabilidade no mercado doméstico, levando o Ibovespa a uma trajetória de queda ao longo do dia.
O clima de incerteza foi reforçado pela decisão do Federal Reserve, que manteve a taxa de juros inalterada, indicando apenas um possível corte ao longo do ano, em contraste com as expectativas de dois cortes anteriormente previstos. Essa revisão das projeções do Fed contribuiu para a volatilidade nos mercados internacionais, afetando ainda mais a confiança dos investidores.
Ao final do dia, apenas dez ações fecharam em alta, com destaques para Embraer e MRV. Por outro lado, pesos-pesados do Ibovespa, como Petrobras e Vale, registraram quedas significativas. Os bancos também foram afetados, com o Bradesco entre as principais perdas do dia.
Com o encerramento desse dia turbulento, os investidores aguardam com expectativa a próxima sessão, na esperança de uma maior estabilidade nos mercados. Entretanto, a volatilidade persistente e a incerteza política continuam a desafiar os investidores, que permanecem atentos aos desdobramentos econômicos e políticos tanto no Brasil quanto no cenário internacional.