Fifa investiga vídeo Racista de jogadores Argentinos após Final da Copa América
Insultos Contra Atletas Franceses Acendem Debate Sobre Discriminação no Futebol
A Fifa iniciou uma investigação sobre um vídeo que circula nas redes sociais mostrando membros da seleção argentina entoando cânticos racistas direcionados aos jogadores da França. A Federação Francesa de Futebol (FFF) classificou o conteúdo como “racista e discriminatório” e anunciou, na última segunda-feira (15), que apresentaria uma queixa formal ao órgão regulador do futebol mundial.
O vídeo em questão foi postado pelo atacante argentino Enzo Fernández em seu Instagram, durante as comemorações da vitória por 1 a 0 sobre a Colômbia na final da Copa América. Nas imagens, os jogadores argentinos entoam músicas que fazem referência à ascendência africana do atacante francês Kylian Mbappé, um dos alvos dos cânticos ofensivos.
“A Fifa está ciente do vídeo que circula nas mídias sociais e o incidente está sendo investigado”, afirmou um porta-voz da entidade em um comunicado. “A Fifa condena veementemente qualquer forma de discriminação por parte de qualquer pessoa, incluindo jogadores, torcedores e dirigentes.”
Enzo Fernández, posteriormente, se desculpou publicamente através das redes sociais, afirmando que a euforia das comemorações o levou a participar dos cânticos ofensivos. “A música incluía linguagem altamente ofensiva e não há absolutamente nenhuma desculpa para essas palavras”, escreveu o jogador.
A repercussão do vídeo foi imediata e polêmica. Wesley Fofana, companheiro de Fernández no Chelsea, descreveu o conteúdo como “racismo desinibido”. Em contrapartida, a vice-presidente da Argentina, Victoria Villarruel, defendeu o jogador e a equipe, criticando o que chamou de “intimidação” por parte de um país “colonialista”. Em sua conta no X, antigo Twitter, Villarruel afirmou: “Nenhum país colonialista vai nos intimidar por causa de uma música no campo ou por dizer as verdades que eles não querem admitir. A Argentina é um país soberano e livre.”
O episódio teve consequências políticas internas na Argentina. Na quarta-feira (17), o gabinete do presidente Javier Milei anunciou a demissão do subsecretário de Esportes, Julio Garro, após ele sugerir que o capitão Lionel Messi pedisse desculpas pelos cânticos. “Nenhum governo pode dizer o que comentar, o que pensar ou o que fazer à seleção argentina, campeã mundial e bicampeã da América, ou a qualquer outro cidadão”, afirmou o gabinete presidencial em um comunicado.
O Chelsea, clube de Enzo Fernández, também se pronunciou, reiterando que qualquer forma de comportamento discriminatório é inaceitável. “Temos orgulho de ser um clube diversificado e inclusivo, onde pessoas de todas as culturas, comunidades e identidades se sentem bem-vindas”, declarou o clube em comunicado oficial.
A situação expõe um problema persistente no futebol mundial: o racismo. Mbappé e outros jogadores de ascendência africana da seleção francesa já haviam sido alvo de abusos raciais nas redes sociais após a derrota para a Argentina na final da Copa do Mundo de 2022, o que levou autoridades francesas a pedirem uma investigação por parte da Fifa.
O caso envolvendo os jogadores argentinos ressalta a necessidade de ações mais firmes e efetivas contra o racismo no esporte. A investigação da Fifa e a repercussão global do incidente podem servir como um ponto de partida para mudanças significativas na luta contra a discriminação no futebol.