Fiéis Confeccionam Tapetes de Corpus Christi na Catedral Metropolitana do Rio de Janeiro
Rio de Janeiro – 30 de Maio de 2024
Os tradicionais tapetes de Corpus Christi decoraram a Avenida Chile, em frente à Catedral Metropolitana de São Sebastião, no centro do Rio de Janeiro. Fiéis de diversas paróquias e movimentos religiosos de toda a capital se reuniram desde o final da madrugada para iniciar a confecção dos tapetes, que foram concluídos por volta do meio-dia. Cinquenta tapetes com temas religiosos, confeccionados com sal grosso, serragem, borra de café e corantes, enfeitaram a via.
Entre os dedicados participantes estava Tiago Pereira, um jovem vocacionado de Madureira, zona norte do Rio, que se prepara para ingressar no seminário. Ele chegou às 4h20, participando pelo quarto ano consecutivo na montagem dos tapetes ao lado de amigos do Grupo Vocacional Arquidiocesano (GVA). “A minha vontade e acho que também é a vontade de Deus”, revelou Tiago, que aspira se tornar padre.
Para Tiago, a confecção dos tapetes é uma forma especial de adoração. “Essa festa do Corpo de Cristo é poder dizer para o mundo que é real. Jesus presente na eucaristia é verdade. É Ele que está ali, o próprio Senhor que instituiu a eucaristia naquela quinta-feira, junto com os apóstolos”, explicou.
Ao lado do tapete do GVA, integrantes da escola de samba Salgueiro também participaram, confeccionando um tapete com a imagem de São Sebastião, padroeiro do morro do Salgueiro, da escola e da cidade do Rio. Vitor Brito, diretor de comunicação do Salgueiro, mencionou que essa iniciativa foi inspirada pelo padre Wagner, pároco da Igreja de Santa Rita e São Jorge, que celebra as festas na quadra da escola. “Essa ligação com o Salgueiro e com o Morro do Salgueiro sempre existiu”, afirmou Brito.
A celebração contou também com um tapete preparado pelo Instituto Religare, composto por representantes de 28 religiões, simbolizando a união religiosa. “Para que as pessoas vejam que a gente se respeita entre nós, aprendam um pouco sobre a história de cada um e, principalmente, se tenha paz entre as religiões”, disse Luzia Lacerda, presidente do Instituto.
Em São Gonçalo, região metropolitana do Rio, os fiéis confeccionaram o maior tapete do estado, com dois quilômetros de extensão, já recorde na América Latina. Dom Geraldo de Paula, bispo auxiliar da Arquidiocese de Niterói, comentou sobre a alegria e o empenho dos participantes na preparação do tapete.
No Santuário Arquidiocesano do Cristo Redentor, o arcebispo do Rio, dom Orani Tempesta, iniciou a Semana do Meio Ambiente com uma missa às 7h, destacando um tapete sustentável confeccionado aos pés da estátua do Cristo Redentor. Os materiais utilizados incluíram borra de café, serragem, casca de ovo e sal colorido, representando os 17 Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS) da ONU.
Em São Paulo, a celebração na Catedral da Sé reuniu uma multidão de fiéis para a missa campal celebrada pelo cardeal Odilo Pedro Scherer. Ele ressaltou a importância da união e da comunhão em torno de Jesus Cristo na eucaristia, lembrando dos mais necessitados. “Agradeçamos no dia de hoje, de modo particular, por todos os benefícios recebidos, e a Jesus na Eucaristia; apresentemos as necessidades dos nossos irmãos, sobretudo dos que mais sofrem”, disse o cardeal.
A tradição dos tapetes de Corpus Christi, trazida por portugueses como forma de evangelização, é uma celebração que envolve toda a comunidade, desde crianças até idosos. Segundo dom Geraldo de Paula, a confecção dos tapetes é uma oportunidade para expressar a criatividade e a devoção dos fiéis, tornando-se um espaço de convivência abençoado.
A celebração de Corpus Christi, que começou em 1264 com o papa Urbano IV, tem suas raízes em Liège, na Bélgica, em 1247. Naquela época, um movimento eucarístico visava propagar a fé católica na presença real de Cristo na eucaristia, levando à primeira procissão eucarística nas ruas, que posteriormente se tornou uma festa de caráter mundial estabelecida pelo papa Clemente V em 1313.