Exército Afasta Militares por Compartilhamento de Fake News
Divulgação indevida causou pânico entre moradores de Canoas, na região metropolitana de Porto Alegre
Neste domingo (26), o Exército Brasileiro determinou o afastamento imediato de militares que, sem autorização do comando, divulgaram um alerta falso de evacuação para os moradores de um bairro em Canoas, região metropolitana de Porto Alegre. O incidente envolveu integrantes da 14ª Brigada de Infantaria Motorizada, que propagaram a informação de que um dique havia se rompido, causando pânico entre os residentes do bairro Mathias Velho.
Erro de Procedimento
Segundo o Exército, os militares envolvidos repassaram à população a informação ouvida de terceiros sobre o rompimento do dique sem verificá-la adequadamente. Em nota, o Comando Militar do Sul destacou que essa ação foi um “grave erro de procedimento” e anunciou a adoção de medidas administrativas rigorosas para apurar os fatos. Os militares foram afastados de suas atividades durante o processo de investigação. A Força expressou solidariedade aos moradores erroneamente informados e pediu desculpas pelo ocorrido.
Impacto das Fake News
O falso alerta ocorreu em meio a uma grave crise causada pelas chuvas torrenciais que afetam o Rio Grande do Sul desde o final de abril. Até o momento, 169 pessoas morreram, e mais de 2,34 milhões de gaúchos foram afetados em 469 municípios. Em Canoas, 27 óbitos foram registrados, e a prefeitura decretou situação de calamidade pública no dia 6 de maio.
A disseminação de notícias falsas tem sido um desafio adicional na gestão da crise. Essas fake news complicam os trabalhos de resgate e assistência, deslegitimando ações dos governos federal e estadual e propagando teorias conspiratórias com objetivos políticos.
Análise e Combate à Desinformação
Pesquisadores do Laboratório de Estudos de Internet e Redes Sociais da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ) identificaram 402 anúncios fraudulentos ou desinformativos relacionados à catástrofe. Influenciadores, sites e políticos de extrema direita têm usado a desinformação para se autopromover e espalhar teorias com objetivos políticos e econômicos.
Fábio Malini, coordenador do Laboratório de Estudos sobre Imagem e Cibercultura (Labic) da Universidade Federal do Espírito Santo (Ufes), destacou que desastres criam um ambiente propício para a disseminação de fake news, exacerbadas pela desordem e incerteza do momento.
Acordo para Combater a Desinformação
A Advocacia-Geral da União (AGU) fechou um acordo com plataformas de redes sociais como Kwai, TikTok, LinkedIn, Google, YouTube e Meta para combater a desinformação sobre as ações do governo federal nas enchentes do Rio Grande do Sul. As empresas se comprometeram a tomar medidas contra conteúdos desinformativos. A AGU já havia solicitado a remoção de postagens desinformativas sobre a entrega de alimentos para a população afetada pelas enchentes em plataformas como X (antigo Twitter), TikTok e Kwai.
A situação ressalta a importância de verificar informações antes de divulgá-las, especialmente em momentos de crise, para evitar pânico e desinformação entre a população.