Estratégia Nacional de Combate ao Aedes aegypti com Larvicidas: ampliação e impacto
O Ministério da Saúde anunciou recentemente a expansão de uma estratégia inovadora para combater o mosquito Aedes aegypti, vetor de doenças como dengue, zika e chikungunya, transformando-a em política pública nacional. A medida visa reduzir as populações do inseto, especialmente em áreas urbanas mais afetadas.
Estações Disseminadoras de Larvicidas (EDLs)
A estratégia central envolve as Estações Disseminadoras de Larvicidas (EDLs), desenvolvidas pela Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz). Essas estações consistem em potes com água parada, onde larvicidas são colocados. As fêmeas de Aedes aegypti, ao procurarem locais para depositar seus ovos, são atraídas pelas EDLs. Antes de alcançarem a água, as fêmeas são interceptadas por um tecido sintético impregnado com larvicida piriproxifeno. Ao pousarem na armadilha, as fêmeas acabam carregando o larvicida consigo, disseminando-o para outros locais de reprodução do mosquito.
Implementação Gradativa e Critérios de Seleção
Inicialmente, a estratégia será expandida para 15 cidades brasileiras com mais de 100 mil habitantes, selecionadas com base em critérios como alta notificação de casos de arboviroses nos últimos anos e alta infestação por Aedes aegypti. O processo de adoção das EDLs envolve etapas como manifestação de interesse dos municípios, assinatura de acordos de cooperação técnica com o Ministério da Saúde e Fiocruz, validação da estratégia com as secretarias estaduais de saúde, capacitação de agentes locais e monitoramento da implementação.
Eficácia e Benefícios
Estudos preliminares realizados em diversas cidades brasileiras demonstraram resultados positivos das EDLs, com impacto na redução das populações de mosquitos em áreas urbanas. A capacidade das fêmeas de Aedes aegypti de dispersar o larvicida em um raio que pode chegar até 400 metros aumenta a eficácia da estratégia, alcançando criadouros muitas vezes inacessíveis por métodos tradicionais.
Complementaridade com Outras Tecnologias
Além das EDLs, o Ministério da Saúde também recomenda a adoção de outras tecnologias no enfrentamento das arboviroses, como ovitrampas para monitoramento da população de mosquitos, borrifação residual intradomiciliar em casos de grande infestação, técnica do inseto estéril por irradiação e Método Wolbachia, que utiliza uma bactéria para bloquear a transmissão de vírus pelo Aedes aegypti.
Educação e Engajamento Comunitário
A implementação das novas tecnologias não substitui medidas tradicionais de combate ao mosquito, como a educação da população sobre eliminação de criadouros e inspeções regulares por agentes sanitários. A combinação dessas abordagens visa aumentar a efetividade e os resultados no controle das arboviroses, adaptando-se às complexidades epidemiológicas e socioambientais de cada região.
A iniciativa representa um avanço significativo na luta contra as doenças transmitidas pelo Aedes aegypti, destacando-se pela inovação tecnológica e pela abordagem integrada entre pesquisa científica, políticas públicas e engajamento comunitário.