E-mails revelam orientação para entrega de pedras preciosas recebidas por Bolsonaro em mãos a Cid
Em uma mensagem de e-mail obtida pela CPI dos Atos Golpistas, o ex-ajudante de ordens da Presidência, Cleiton Henrique Holzschuk, pediu para outros colegas ajudantes de ordens que pedras preciosas recebidas pelo então presidente Jair Bolsonaro fossem entregues em mãos para o tenente-coronel Mauro Cid. Segundo Holzschuk, a determinação partiu do próprio Cid, ajudante de ordens mais próximo de Bolsonaro.
As pedras preciosas teriam sido presenteadas a Bolsonaro durante um comício de campanha pela reeleição em Teófilo Otoni (MG), em 26 de outubro de 2022. No entanto, esses presentes não constam nos registros oficiais de presentes recebidos pelo ex-presidente durante o governo.
O e-mail de Holzschuk foi mencionado durante a sessão da CPI dos Atos Golpistas pela deputada federal Jandira Feghali (PCdoB-RJ), que solicitou investigações sobre a origem e o paradeiro das pedras preciosas, uma vez que Bolsonaro ocupava a Presidência do país no período da troca dos e-mails.
A orientação de entregar as pedras preciosas em mãos para o tenente-coronel Mauro Cid levanta questões sobre a transparência e legalidade do registro e guarda dos presentes recebidos pelo presidente durante o mandato. Em 2016, o Tribunal de Contas da União (TCU) estabeleceu critérios sobre quais itens deveriam ser considerados acervo privado do presidente e, portanto, não deveriam estar sob guarda do acervo público da União. Oficialmente, as joias deveriam constar na lista do acervo museológico feito pelo Gabinete Adjunto de Documentação Histórica (GADH).
O tenente-coronel Mauro Cid também é investigado em outro caso relacionado ao ex-presidente, referente aos pacotes de joias da Arábia Saudita milionárias que entraram no país ilegalmente com uma comitiva do governo de Bolsonaro.
Diante das revelações dos e-mails, o PCdoB pretende pedir investigações por parte da Polícia Federal, do Tribunal de Contas da União e do Supremo Tribunal Federal para esclarecer a origem e a destinação das pedras preciosas. Além disso, a deputada Jandira Feghali solicitou a quebra dos sigilos bancário, fiscal e de mensagens da ex-primeira-dama, Michele Bolsonaro, e que ela seja convocada para depor na CPI dos Atos Golpistas. As investigações visam esclarecer a situação e a legalidade do registro e destino desses presentes recebidos pelo então presidente durante o mandato.