Dúvidas sobre uso da Fluoxetina e Perda de Peso: entenda a relação e indicações do medicamento
Nos últimos tempos, a fluoxetina e a perda de peso têm sido termos frequentemente pesquisados juntos no Google, levantando questionamentos sobre a possível associação entre o uso desse medicamento e a redução de peso. A fluoxetina, um antidepressivo do tipo inibidor seletivo da recaptação da serotonina (ISRS), é conhecida por seu papel no tratamento de depressão e outros transtornos psiquiátricos. Embora possa estar relacionada a uma diminuição de peso em alguns pacientes, é importante esclarecer que a fluoxetina não é indicada para o tratamento da obesidade ou emagrecimento.
A fluoxetina atua no cérebro aumentando os níveis de serotonina, um neurotransmissor associado a diversas funções, incluindo regulação do humor, controle de apetite, sono e funções cognitivas. Seus principais usos incluem o tratamento de depressão, bulimia nervosa, transtorno obsessivo-compulsivo (TOC) e transtorno disfórico pré-menstrual (TDPM).
Embora a perda de peso seja mencionada como efeito colateral em até 20% dos pacientes que usam fluoxetina, muitos fatores influenciam essa reação e nem todos os pacientes experimentam essa consequência. É importante ressaltar que a perda de peso não é o objetivo principal do medicamento, que foi desenvolvido para tratar transtornos psiquiátricos.
A psiquiatra Anny de Mattos Barroso Maciel, especialista em transtornos alimentares pela Universidade de São Paulo (USP), explica que a perda de peso relacionada à fluoxetina geralmente ocorre em pacientes com comportamento alimentar disfuncional, compulsão alimentar, impulsividade alimentar e que utilizam a comida como forma de lidar com a ansiedade.
Apesar da possível perda de peso associada ao uso da fluoxetina, a Dra. Lívia Lugarinho, diretora do Departamento de Obesidade da Sociedade Brasileira de Endocrinologia e Metabologia (SBEM), enfatiza que esse medicamento não é indicado para alcançar uma redução de peso significativa. Ela destaca que o tratamento da obesidade requer outras abordagens e menciona medicamentos aprovados para esse fim, como sibutramina, orlistate, liraglutida, semaglutida e a combinação de naltrexona com bupropiona.
Apesar de não ser destinada ao tratamento da obesidade, a fluoxetina é recomendada para transtornos alimentares, como bulimia nervosa, onde seu uso pode indiretamente ajudar na redução de peso associada à compulsão alimentar. Além disso, pode ser útil no tratamento de transtorno disfórico pré-menstrual, que pode levar a comportamentos alimentares relacionados à ansiedade.
É importante enfatizar que a automedicação é inadequada e perigosa. A fluoxetina é um medicamento controlado que exige prescrição médica. O presidente da Associação Brasileira de Psiquiatria (ABP), Antônio Geraldo da Silva, alerta para o uso racional e acompanhamento médico adequado ao utilizar esse medicamento. A dosagem deve ser cuidadosamente ajustada, considerando possíveis interações medicamentosas e outras condições médicas.
Por fim, é crucial destacar que a fluoxetina não causa dependência e sua interrupção deve ser gradual, sempre sob orientação médica. O acompanhamento profissional é essencial para garantir o uso seguro e eficaz desse medicamento no tratamento de transtornos psiquiátricos, considerando os benefícios e possíveis riscos associados.