Dengue causa 33 mortes em Americana e região; maioria das vítimas tinha 50 anos ou mais
A situação epidemiológica da dengue na Região do Polo Têxtil, especialmente em Americana e municípios vizinhos, revela um cenário alarmante com 33 óbitos registrados no primeiro semestre de 2024. Segundo estatísticas do governo estadual, mais de 21 mil casos da doença foram confirmados no período, com a possibilidade de o número de mortes ultrapassar 50, considerando os 24 óbitos ainda em investigação.
A análise dos dados revela que 75% das mortes ocorreram em indivíduos com 50 anos ou mais, totalizando 25 óbitos. Do total de vítimas fatais, 18 eram homens e 15 mulheres, indicando uma incidência severa entre a população idosa da região.
A médica infectologista Ártemis Kílaris, do Hospital Unimed em Americana, aponta que a epidemia deste ano apresenta características mais agressivas, possivelmente devido ao sorotipo do vírus predominante. “Se o número de casos aumenta, aumenta proporcionalmente a chance de óbitos. Neste ano, a doença está mais severa”, enfatiza.
Para o infectologista Arnaldo Gouveia Junior, a incidência elevada entre os idosos pode ser explicada pela gravidade da doença nesse grupo etário. Ele compara a situação atual com surtos anteriores no sul do Brasil, sugerindo que a mudança nos sorotipos virais pode estar contribuindo para a atual crise.
Entre os municípios mais afetados, Sumaré destaca-se com 12 mortes confirmadas e outras cinco em investigação, além de mais de 6,3 mil casos confirmados. Em Americana, a cidade registrou sete mortes confirmadas, com a possibilidade de chegar a 12, considerando os casos sob investigação. Em 2022, o município já havia registrado oito mortes devido à dengue.
Thiago Salomão de Azevedo, Diretor de Políticas Públicas da Secretaria de Saúde de Santa Bárbara, explica que na Região Metropolitana de Campinas estão circulando os sorotipos 1, 2 e 3 do vírus da dengue. Ele destaca que o sorotipo 3, que não circulava na região há aproximadamente 20 anos, está novamente em circulação, afetando uma população que não tinha imunidade contra ele.
Embora haja uma leve queda nos casos recentes, Azevedo enfatiza a importância contínua das medidas de prevenção. “A população deve manter essas medidas, já que os vírus continuam em circulação”, conclui.
A situação exige vigilância constante e ação coordenada das autoridades de saúde e da população para mitigar os impactos da doença e evitar novas tragédias como as observadas neste ano.