Copom do Banco Central deve iniciar ciclo de cortes na taxa básica de juros Selic devido à queda da inflação
O Comitê de Política Monetária (Copom) do Banco Central inicia hoje a quinta reunião do ano para deliberar sobre a taxa básica de juros, a Selic. Em meio à forte queda da inflação nos últimos meses, é esperado que o órgão promova uma redução nos juros, que atualmente estão em 13,75% ao ano. Caso a decisão se confirme, será o primeiro corte desde agosto de 2020, quando a taxa foi reduzida de 2,25% para 2% ao ano.
A perspectiva de queda da Selic vem sendo discutida por autoridades e analistas econômicos. O ministro da Fazenda, Fernando Haddad, afirmou que o caminho está pavimentado para a diminuição dos juros, e o presidente Luiz Inácio Lula da Silva tem sido crítico ao atual patamar da Selic, destacando que isso prejudica os investimentos e não possui justificativa no momento atual.
Embora a taxa básica tenha parado de subir em agosto do ano passado, ela permanece no nível mais alto desde o início de 2017, e os efeitos desse aperto monetário têm sido sentidos na desaceleração da economia.
De acordo com a pesquisa semanal do boletim Focus, que consulta analistas de mercado, a expectativa é que a Selic sofra uma redução de 0,25 ponto percentual, ficando em 13,5% ao ano. Os especialistas do mercado financeiro projetam que a taxa encerre o ano em 12%.
A inflação tem sido um fator determinante nas decisões do Copom. Na ata da última reunião, em junho, o órgão já sinalizava a possibilidade de queda dos juros em agosto, baseado no comportamento dos preços e na perspectiva de continuação do processo desinflacionário.
Os índices de preços têm apresentado desaceleração nos últimos meses, o que reflete na queda das expectativas de inflação. Segundo o boletim Focus, a estimativa para 2023 é de 4,84%. Em junho, o Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) registrou deflação de 0,08%, impulsionado pela redução nos preços dos alimentos e dos carros novos. Esse foi o primeiro mês de deflação em nove meses, e o indicador acumulou alta de 2,87% no ano e de 3,16% nos últimos 12 meses.
A taxa Selic é um importante instrumento do Banco Central para controlar a inflação. Quando elevada, busca conter a demanda aquecida e encarece o crédito, desestimulando a expansão da economia e controlando os preços. Já sua redução tem o efeito inverso, incentivando a produção e o consumo, o que pode impulsionar a atividade econômica.
A decisão sobre a taxa Selic será anunciada pelo Copom no fim do dia de amanhã, quarta-feira, dia 2 de agosto, após análise das possibilidades e perspectivas econômicas do país. Para 2023, a meta de inflação definida pelo Conselho Monetário Nacional é de 3,25%, com intervalo de tolerância de 1,5 ponto percentual para cima ou para baixo. O próximo Relatório de Inflação, que será divulgado no fim de setembro, poderá trazer novas perspectivas sobre o cenário inflacionário e a política monetária.