Brasil avança na Inteligência Artificial e planeja Futuro Sustentável na Ciência e Tecnologia
Governo Federal Envia Plano Nacional para Modernização da Infraestrutura Tecnológica e Busca Governança Global em Inteligência Artificial
Em uma série de movimentos estratégicos para impulsionar a posição do Brasil no cenário global de tecnologia e ciência, o governo federal está tomando medidas audaciosas para modernizar sua infraestrutura e promover uma governança mais equitativa na área de inteligência artificial (IA). Recentemente, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva destacou a importância da soberania nacional na gestão de dados e IA, e a revisão da Estratégia Brasileira de Inteligência Artificial é um dos pilares dessa iniciativa.
Rumo à Soberania Digital
“É claro que esses investimentos na União Europeia já vêm de antes, mas nós vamos chegar com força. Cada pessoa ou coisa conectada à internet produz dados, o Brasil tem muitos dados que são cobiçados pelas grandes big techs e nós vamos ter os nossos dados, que haverá de ter uma integração que não há hoje e com nuvem própria, soberana, brasileira, com linguagem brasileira. Soberania, autonomia para poder fazer valer a inteligência do nosso país”, afirmou Lula, destacando a meta do Brasil de criar uma infraestrutura digital independente e robusta.
O plano nacional sobre inteligência artificial, encomendado ao Conselho Nacional de Ciência e Tecnologia em março, é um passo significativo para tornar o Brasil mais competitivo globalmente. Esta proposta visa estabelecer uma base sólida para o desenvolvimento e aplicação da IA, promovendo a soberania digital e protegendo dados nacionais de interesses externos.
Supercomputador e Inovação Tecnológica
No âmbito da infraestrutura, um dos projetos mais ambiciosos é a atualização do supercomputador Santos Dumont, atualmente localizado no Laboratório Nacional de Computação Científica (LNCC) em Petrópolis, RJ. Instalado em 2015, o supercomputador é um dos pilares da pesquisa tecnológica no Brasil. Com um investimento previsto de 1,8 bilhões de reais, o plano é tornar o Santos Dumont um dos cinco computadores com maior capacidade de processamento do mundo nos próximos cinco anos.
Fundado em 1980, o LNCC é um órgão vital para o desenvolvimento tecnológico e a pesquisa científica no Brasil. O supercomputador, nomeado em homenagem ao inventor e aviador brasileiro Santos Dumont, tem sido uma peça central na infraestrutura computacional de alto desempenho do país e continuará a desempenhar um papel crucial na pesquisa avançada.
Conferência Nacional de Ciência, Tecnologia e Inovação
No centro das discussões sobre o futuro da ciência e tecnologia no Brasil está a Conferência Nacional de Ciência, Tecnologia e Inovação, cujo tema desta edição é “Ciência, Tecnologia e Inovação para um Brasil Justo, Sustentável e Desenvolvido”. O evento, que acontece até 1º de agosto, visa construir uma nova Estratégia Nacional de Ciência, Tecnologia e Inovação a ser implementada até 2030.
Com uma programação repleta de mais de 50 sessões de debates e a participação de 2,2 mil pessoas presenciais e mais de 2 mil virtuais, a conferência aborda temas cruciais como mudanças climáticas, transição energética, financiamento da ciência, políticas de inovação nas empresas, impactos da transição demográfica, e muito mais. O evento é promovido pelo Ministério da Ciência, Tecnologia e Inovação (MCTI), com a organização do Centro de Gestão e Estudos Estratégicos (CGEE) e o apoio de diversas entidades nacionais.
O foco da conferência está em quatro eixos temáticos principais: recuperação e expansão do Sistema Nacional de Ciência, Tecnologia e Inovação; reindustrialização e apoio à inovação nas empresas; programas e projetos estratégicos nacionais; e ciência, tecnologia e inovação para o desenvolvimento social. Esses temas são essenciais para a construção de uma estratégia integrada que possa guiar o país em direção a um futuro mais sustentável e inovador.
Preparativos e Participação
Antes da etapa nacional em Brasília, mais de 100 mil pessoas participaram dos 221 eventos preparatórios da conferência ao longo dos últimos seis meses. Esses eventos, que incluíram conferências regionais, estaduais, municipais, livres e temáticas, foram fundamentais para coletar recomendações e diretrizes para a nova estratégia. Este número recorde de participantes demonstra o alto nível de engajamento da sociedade na formulação das políticas de ciência e tecnologia do país.
Desafios e Oportunidades
A implementação de uma estratégia robusta para a inteligência artificial e a modernização da infraestrutura tecnológica representam uma oportunidade significativa para o Brasil. No entanto, também traz desafios consideráveis. A necessidade de garantir a soberania digital e proteger os dados nacionais em um ambiente global dominado por grandes empresas de tecnologia é um dos principais desafios. Além disso, a atualização do supercomputador Santos Dumont e o desenvolvimento de uma nova estratégia nacional exigem investimentos substanciais e coordenação eficaz entre diferentes setores e instituições.
A busca por uma governança global representativa em IA, como proposta por Lula durante a Cúpula do G7, é uma iniciativa importante para garantir que os benefícios da inteligência artificial sejam amplamente distribuídos e não concentrados nas mãos de poucos. A criação de uma estrutura global que promova a equidade e o compartilhamento dos avanços tecnológicos pode contribuir para um desenvolvimento mais justo e sustentável da tecnologia.