Aumento das Complicações por Vírus Sincicial Respiratório Preocupa em 2024
Casos de bronquiolite e síndrome respiratória grave crescem, com destaque para a falta de vacina infantil e a necessidade de proteção para grupos vulneráveis
Em 2024, o aumento das complicações causadas pelo vírus sincicial respiratório (VSR) tem gerado preocupações crescentes entre especialistas e famílias. A bronquiolite, uma condição inflamatória que afeta os bronquíolos, está se tornando cada vez mais comum, especialmente entre crianças pequenas. Este aumento no número de casos é alarmante, com dados recentes da plataforma Infogripe da Fiocruz indicando mais de 22 mil ocorrências em crianças de até 2 anos até 20 de julho, e quase 200 mortes associadas.
A pesquisadora Tatiana Portella, do Infogripe, observou um crescimento significativo nos casos em 2024 em comparação com o mesmo período do ano anterior, quando foram registrados cerca de 1.500 casos a menos. A testagem mais ampla durante e após a pandemia de covid-19 tem revelado um aumento mais expressivo de casos de VSR, que antes não eram tão bem documentados.
“Durante a pandemia, muitos ciclos de doenças foram interrompidos, e o VSR não foi exceção. A testagem mais ampla revelou que, embora o VSR fosse comum, muitos casos passaram despercebidos anteriormente”, afirmou Portella.
Atualmente, não há vacina infantil para o VSR. No entanto, a Anvisa autorizou o uso de uma vacina para gestantes, o que ajuda a proteger os bebês através da transferência de anticorpos. A farmacêutica Pfizer solicitou à Comissão Nacional de Incorporação de Tecnologias no SUS a inclusão da vacina no Programa Nacional de Imunizações, e a vacina deve estar disponível em clínicas particulares ainda este semestre. A diretora médica da Pfizer no Brasil, Adriana Ribeiro, destacou a eficácia da vacina em prevenir formas graves da doença: “A vacina demonstrou uma eficácia de 82% contra formas graves em bebês de até 3 meses, com proteção continuada de 69% até os seis meses de idade.”
Além das crianças, o VSR também afeta idosos. Até 20 de julho, foram registrados quase 800 casos de síndrome respiratória aguda grave com diagnóstico positivo para VSR em pessoas acima de 65 anos, número que já supera o total do ano passado. Lessandra Michelin, da farmacêutica GSK, alertou para as complicações adicionais que o VSR pode causar em idosos: “A infecção por VSR pode descompensar condições crônicas, como diabetes e insuficiência cardíaca, agravando problemas de saúde existentes.”
No Brasil, a vacina para idosos está disponível apenas no setor privado, mas há planos para ampliar a proteção. Mônica Levy, presidente da Sociedade Brasileira de Imunizações, destacou que a inclusão de vacinas no Calendário do SUS considera o custo-benefício e o impacto na saúde pública. Ela acredita que a prevenção para bebês será priorizada, mas os idosos também devem ser considerados devido ao alto risco associado ao VSR.
Adicionalmente, o SUS oferece anticorpos monoclonais para casos de grande vulnerabilidade, como prematuros extremos e bebês com condições específicas. Esses anticorpos podem ser solicitados por meio de planos de saúde ou adquiridos com prescrição médica especial.
O aumento das complicações pelo VSR destaca a necessidade urgente de estratégias de prevenção e proteção para todos os grupos vulneráveis, evidenciando a importância de continuar a busca por soluções eficazes contra este vírus.
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Informação Agência Brasil