Amazônia sofre com 2,5 milhões de hectares queimados em agosto
Incêndios superam média histórica e autoridades suspeitam de ação criminosa em meio a condições climáticas extremas
Em agosto, a Amazônia registrou uma devastação sem precedentes: 2,5 milhões de hectares foram consumidos pelo fogo, de acordo com dados do Laboratório de Aplicações de Satélites Ambientais da Universidade Federal do Rio de Janeiro (Lasa-UFRJ). Esse número é quase o dobro da média histórica para o mês, que é de 1,4 milhão de hectares.
Desde o início do ano, mais de 4,1 milhões de hectares da floresta amazônica já foram afetados pelos incêndios. Na última semana, o Centro de Previsão do Tempo e Estudos Climáticos (CPTEC), ligado ao Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe), identificou uma alta concentração de gases poluentes que se estendia da Amazônia ao Sul do Brasil, atingindo dez estados.
A situação é agravada pelo quadro de seca extrema que se intensificou na região, com os níveis dos rios já antecipando um cenário crítico que pode piorar em setembro, quando a estiagem atinge seu pico.
Após uma reunião emergencial, a ministra do Meio Ambiente e Mudança do Clima, Marina Silva, alertou que, além das condições climáticas extremas, há indícios de ações criminosas por trás dos incêndios na Amazônia, no Pantanal e no Sudeste do país. “Do mesmo jeito que nós tivemos o ‘dia do fogo’, há uma forte suspeita que isso esteja acontecendo de novo”, declarou a ministra, referindo-se ao episódio de 2019, quando fazendeiros coordenaram incêndios em apoio ao desmonte das políticas ambientais.
Segundo o diretor-geral da Polícia Federal, Andrei Rodrigues, 29 inquéritos foram abertos na Amazônia e no Pantanal, e mais dois em São Paulo, para investigar as evidências de incêndios criminosos em áreas de preservação. As autoridades seguem monitorando a situação, buscando identificar e responsabilizar os responsáveis por esse novo surto de destruição.