Câncer de Bexiga: um alerta para a Saúde Pública Brasileira

Câncer de Bexiga: um alerta para a Saúde Pública Brasileira

Nos últimos quatro anos, o câncer de bexiga ceifou mais de 19 mil vidas no Brasil, conforme dados alarmantes do Sistema de Informações sobre Mortalidade. Essa doença, que figura como o tipo mais comum entre os homens, preocupa especialistas e organizações de saúde, que aproveitam o mês de julho para intensificar a conscientização sobre a importância da detecção precoce e do tratamento adequado.

O câncer de bexiga, responsável por mais de 110 mil novos casos desde 2019 no país, está intimamente ligado ao tabagismo, sendo este o principal fator de risco. Estimativas do Instituto Nacional de Câncer (Inca) indicam que, somente este ano, serão diagnosticados cerca de 11.370 novos casos, com uma incidência maior em homens, especialmente acima dos 50 anos.

“O tabagismo está relacionado a mais de 50% dos casos de câncer de bexiga. Eliminar esse hábito é crucial para reduzir significativamente o risco de desenvolvimento dessa doença”, alerta Luiz Otavio Torres, presidente da Sociedade Brasileira de Urologia (SBU).

Sintomas e Diagnóstico

Apesar de ser potencialmente fatal, o câncer de bexiga pode manifestar sintomas sutis no início, como sangue na urina, aumento na frequência urinária e dor ao urinar. Muitas vezes, esses sinais são ignorados ou atribuídos a outras condições, o que pode resultar em diagnósticos tardios e tratamentos menos eficazes.

“A presença de sangue visível na urina é um sinal comum, porém nem sempre doloroso. Isso faz com que muitas pessoas não percebam a gravidade do problema e adiem a busca por ajuda médica”, explica Mauricio Dener Cordeiro, do Departamento de Uro-Oncologia da SBU.

Tratamento e Perspectivas

O tratamento do câncer de bexiga varia conforme o estágio da doença e pode incluir cirurgia, quimioterapia e radioterapia. Para casos iniciais, a ressecção transuretral é comum, enquanto em estágios avançados pode ser necessária a cistectomia radical, que envolve a remoção completa da bexiga.

“Inovações como a imunoterapia e terapias-alvo têm revolucionado o tratamento, oferecendo novas esperanças para pacientes com formas mais agressivas da doença”, destaca Fernando Korkes, supervisor da Disciplina de Câncer de Bexiga da SBU.

Conscientização e Prevenção

Além da campanha educativa promovida pela SBU neste mês de julho, especialistas enfatizam a importância de adotar hábitos saudáveis, como uma dieta balanceada e a prática regular de exercícios físicos, como medidas preventivas.

“A educação da população é fundamental para aumentar a conscientização sobre o câncer de bexiga e incentivar a procura precoce por assistência médica”, destaca Karin Jaeger Anzolch, diretora de Comunicação da SBU.

Desafios e Perspectivas Futuras

Para Roni de Carvalho Fernandes, diretor da Escola Superior de Urologia da SBU, enfrentar o câncer de bexiga exige não apenas esforços contínuos de conscientização, mas também a criação de políticas públicas eficazes, garantindo acesso universal a diagnóstico e tratamento de qualidade.

“A colaboração entre diversos setores é essencial para reduzir as taxas de mortalidade dessa doença e melhorar os resultados para os pacientes”, conclui Fernandes.

Diante do aumento alarmante nos casos e na mortalidade relacionada ao câncer de bexiga, a mobilização da sociedade civil e dos órgãos de saúde se mostra imprescindível para enfrentar esse desafio de saúde pública com determinação e eficácia.

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