Fed mantém juros e sinaliza cautela com apenas um corte previsto neste ano
Decisão do banco central americano reflete preocupações com inflação e incertezas econômicas, com impactos globais, enquanto investidores aguardam mais dados para avaliar movimento futuro
O Federal Reserve (Fed), banco central dos Estados Unidos, optou por manter os juros básicos entre 5,25% e 5,50%, o mais alto patamar em duas décadas, após a reunião de dois dias que concluiu nesta quarta-feira, 11. Em um comunicado pós-encontro, a autoridade monetária indicou uma postura cautelosa, sugerindo que pode haver apenas um corte na taxa ao longo deste ano. Isso marca uma mudança em relação às previsões iniciais de até três reduções em 2024.
A decisão do Fed tem implicações significativas, não apenas para a economia dos Estados Unidos, mas também para os investimentos em países emergentes, como o Brasil. Uma taxa de juros mais elevada nos EUA tende a atrair investimentos, levando os mercados a evitar riscos e preferir a segurança oferecida pelos retornos nos EUA.
Em seu comunicado, o Fed destacou que a economia americana continua a crescer a um ritmo sólido, porém os avanços no controle da inflação têm sido “modestos”. O presidente do Fed, Jerome Powell, enfatizou a necessidade de mais dados positivos para consolidar a confiança de que a inflação está se movendo de forma sustentável em direção à meta de 2%.
Desde julho do ano passado, os juros de referência permanecem no atual patamar, após 11 aumentos consecutivos para conter a inflação. Powell ressaltou que as perspectivas econômicas permanecem incertas e que o Fed continua vigilante quanto aos riscos inflacionários.
A decisão do Fed reflete a divisão entre seus membros. Na reunião, oito diretores projetaram dois cortes nas taxas neste ano, sete sugeriram apenas um corte e quatro não vislumbraram nenhuma redução.
O banco central americano terá mais quatro reuniões ao longo deste ano para reavaliar a política monetária. Powell enfatizou que a autoridade monetária não descarta a possibilidade de aumentar os juros novamente, caso seja necessário, e ressaltou a importância de não adotar medidas prematuras que possam prejudicar a economia.
As projeções de inflação do Fed para este ano foram revisadas para cima, refletindo a pressão contínua sobre os preços. No entanto, dados oficiais divulgados recentemente mostram que a inflação nos EUA diminuiu em maio, indicando um possível alívio na pressão inflacionária.
A condução da política monetária pelo Fed nos próximos meses terá um impacto direto na corrida presidencial nos Estados Unidos, programada para novembro. Apesar dos indicadores econômicos favoráveis, os americanos mantêm uma visão negativa da economia sob a gestão do presidente Joe Biden, devido aos altos preços e taxas de financiamento. O Fed, por sua vez, busca manter sua independência política e preservar sua reputação como instituição independente e imparcial.