Cresce Número de Jovens que Não Estudam Nem Trabalham
São Paulo, 28 de maio de 2024 — O número de jovens entre 14 e 24 anos que não estudam, não trabalham e nem procuram emprego, os chamados “nem-nem”, aumentou significativamente no primeiro trimestre deste ano. Segundo um levantamento da Subsecretaria de Estatísticas e Estudos do Trabalho, do Ministério do Trabalho e Emprego (MTE), apresentado durante o evento Empregabilidade Jovem, promovido pelo Centro de Integração Empresa-Escola (CIEE) nesta segunda-feira (27), o contingente de jovens nessa situação subiu de quatro milhões no mesmo período do ano passado para 5,4 milhões este ano.
Fatores do Crescimento
Em entrevista à Agência Brasil, Paula Montagner, subsecretária de Estatísticas e Estudos do MTE, destacou que o crescimento dos “nem-nem” deve-se a uma combinação de fatores, afetando principalmente as mulheres, que representam 60% desse grupo. “Há muita dificuldade das mulheres entrarem no mercado de trabalho, em especial, mulheres jovens. Por outro lado, há esse apelo para que as jovens busquem alguma outra forma de ajudar a sociedade, que é ter filhos mais jovens, além de um certo conservadorismo entre os jovens que acham que só o marido trabalhando seria suficiente”, afirmou Montagner.
Iniciativas do Governo
Para combater esse problema, o governo federal lançou o programa Pé-de-Meia, destinado a incentivar financeiramente jovens de baixa renda a permanecerem no ensino médio. O programa oferece até R$ 9,2 mil em três anos, incluindo um adicional de R$ 200 pela participação no Exame Nacional do Ensino Médio (Enem) na última série. No entanto, Paula Montagner ressaltou que os efeitos dessa iniciativa só serão perceptíveis nos próximos anos.
Dados sobre Ocupação
A pesquisa revelou que cerca de 17% da população brasileira é composta por jovens de 14 a 24 anos, totalizando 34 milhões de pessoas. Deste grupo, 14 milhões estavam ocupados no primeiro trimestre de 2024. Entre os jovens ocupados, 45% estavam na informalidade, o que representa 6,3 milhões de pessoas. Essa taxa é superior à média nacional de informalidade, que está em 40%.
“A informalidade tem a ver com o fato dos jovens trabalharem predominantemente em micro e pequenas empresas. Jovens que vão muito cedo para o mercado de trabalho e não vão na condição de aprendizes; na maioria das vezes não têm uma situação de contratação formalizada”, explicou Montagner.
Crescimento de Aprendizes e Estagiários
O levantamento também indicou um aumento no número de aprendizes e estagiários no Brasil. Entre 2022 e 2024, o número de aprendizes cresceu em 100 mil, chegando a 602 mil em abril deste ano. No mesmo período, o número de estagiários aumentou 37%, passando de 642 mil para 877 mil.
Rodrigo Dib, da superintendência institucional do CIEE, afirmou que “os resultados dessa pesquisa mostram que a empregabilidade jovem é um desafio urgente para o Brasil”. Dib destacou a necessidade de incluir essa faixa etária no mercado de trabalho de forma segura, visando o desenvolvimento dos jovens a médio e longo prazo.
Soluções Propostas
Para aumentar a inserção dos jovens no mercado de trabalho, Montagner enfatizou a importância de elevar a escolaridade e ampliar a formação técnica e tecnológica dos jovens. Ela sugeriu a promoção de estágios e aprendizados conectados ao ensino técnico e cursos profissionalizantes como uma maneira de não apenas permitir a sobrevivência, mas também de criar um acúmulo de conhecimento que facilite o desenvolvimento de uma carreira.