10 Estudantes Brasileiros representarão o País em Olimpíadas Internacionais de Astronomia
Alunos se destacam na Olimpíada Brasileira de Astronomia e Astrofísica e vão competir em agosto e novembro, buscando mais conquistas para o Brasil
Dez jovens talentos brasileiros foram selecionados para representar o Brasil nas olimpíadas Internacional de Astronomia e Astrofísica (IOAA) e Latino-Americana de Astronomia e Astronáutica (OLAA), que acontecerão nos próximos meses. As competições são reconhecidas por reunir os melhores estudantes de todo o mundo em uma batalha de conhecimento nas áreas de astronomia e ciências espaciais.
Equipes Brasileiras e Competições
A equipe brasileira que competirá na Olimpíada Internacional de Astronomia e Astrofísica (IOAA) é composta por Francisco Carluccio de Andrade (16), Gustavo Mesquita França (18), Heitor Borim Szabo (17), Lucas Cavalcante Menezes (17) e Natália Rosa Vinhaes (17). Este ano, a IOAA será realizada entre os dias 17 e 27 de agosto nas cidades de Vassouras e Barra do Piraí, no Rio de Janeiro, marcando a segunda vez que o Brasil sedia o evento desde 2012.
Para a Olimpíada Latino-Americana de Astronomia e Astronáutica (OLAA), marcada para ocorrer de 25 a 29 de novembro na Costa Rica, o Brasil será representado por Arthur Gomes Gurjão (16), Filipe Ya Hu Dai Lima (16), Larissa Midori Miamura (18), Luca Pieroni Pimenta (17) e Lucas Praça Oliveira (17). Todos os integrantes das duas equipes foram selecionados através da Olimpíada Brasileira de Astronomia (OBA) de 2023, que é a porta de entrada para essas competições internacionais.
O Processo Seletivo da OBA
Eugênio Reis, pesquisador do Observatório Nacional e um dos coordenadores da IOAA, explica que a OBA é o ponto de partida para todos os estudantes que almejam competir internacionalmente. “A prova da OBA é o começo de tudo”, afirmou Reis em entrevista à Agência Brasil.
Aqueles que desejam participar do processo seletivo devem atingir notas mínimas estabelecidas: estudantes do ensino médio devem ter uma nota de pelo menos 7 na OBA, enquanto alunos do 9º ano do ensino fundamental precisam alcançar uma nota de 9 ou superior. Milhares de alunos participam dessa fase inicial, que consiste em três provas online aplicadas nos últimos meses do ano, as quais podem ser realizadas nas escolas ou em casa, sem custos adicionais.
Reis detalha que as provas vão aumentando gradualmente em dificuldade, preparando os estudantes para enfrentar questões cada vez mais complexas sobre astronomia. “As provas online já têm esse caráter de serem cada vez mais difíceis”, explicou o coordenador. Após as provas online, de 150 a 200 dos melhores participantes são selecionados para uma etapa presencial no Hotel Fazenda Ribeirão, em Barra do Piraí, onde são submetidos a uma avaliação mais rigorosa.
Treinamentos e Desafios
Durante a fase presencial, os estudantes passam por provas teóricas e práticas, que incluem o uso de telescópios, leitura de cartas celestes e testes em planetários. De acordo com Eugênio Reis, este é um momento crucial para identificar os melhores candidatos que formarão as equipes brasileiras para as competições internacionais.
“Dos 150 a 200 que a gente chama para fazer essas provas, são selecionados 40 estudantes. Dentro desses 40, há algumas regras para ocupação das vagas”, explicou o coordenador. Uma dessas regras é garantir a participação de meninas e alunos de escolas públicas, além de estudantes do 9º ano que estarão no ensino médio no próximo ano. Esse esforço visa promover a diversidade e incluir uma variedade de perfis acadêmicos nas equipes.
Após a seleção dos 40 finalistas, os estudantes passam por treinamentos intensivos, onde competem entre si em duas fases. No final, são escolhidos os dez representantes oficiais do Brasil para a IOAA e a OLAA, além de cinco suplentes. Este ano, os suplentes são Ana Beatriz Bandeira Martins (SP), Felipe Maia Silva (SP), Franklin da Silva Costa (PE), Henrico Bueno Hirata (CE), Luís Fernando de Oliveira Souza (MS) e Maxwell Caciano da Silva (MT).
Um terceiro treinamento específico também é realizado para preparar os estudantes conforme o foco de cada competição. A OLAA, por exemplo, inclui provas de lançamento de foguetes de garrafa PET, o que adiciona um elemento prático à competição. “Nos dois primeiros treinamentos, todo mundo constrói e lança foguetes. No terceiro treinamento, em que as equipes já estão formadas, o pessoal já não precisa mais treinar foguetes”, destaca Reis. No entanto, os suplentes participam de todas as atividades de treinamento.
Expectativas e Histórico de Conquistas
O Brasil tem se destacado historicamente na OLAA, liderando o quadro total de medalhas. “O Brasil sempre leva medalhas de ouro. Quando não leva cinco medalhas, leva no mínimo quatro. Isso tem acontecido nos últimos anos”, comentou Eugênio Reis. Com a melhoria constante dos treinamentos, a expectativa é de conquistar também medalhas de ouro na IOAA, que é considerada uma competição de nível excepcionalmente elevado.
Até 2021, o Brasil ainda não havia conquistado medalhas de ouro na IOAA, mas nos últimos anos, o país começou a figurar entre os vencedores. “A competição é de altíssimo nível, muito difícil mesmo. Mas estamos começando a obter resultados significativos,” concluiu o coordenador.